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Arquitetos: Francisco Mangado.; Francisco Mangado.
- Área: 5200 m²
- Ano: 2008
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Fotografias:Pedro Pegenaute
Descrição enviada pela equipe de projeto. O complexo está localizado em um dos ecossistemas mais úmidos do norte de Navarra. Um vale de colinas suaves porém robustas, onde o pasto verde e os carvalhos configuram uma paisagem de forte caráter cuja cor é alterada segundo as estações do ano. Um vale ocupado através de um sistema de pequenos núcleos relativamente próximos que se configuram de uma maneira aparentemente aleatória.
As edificações potentes de grandes volumes unitários e isolados parecem competir entre si demostrando sua força arquitetônica. Uma forma que nasce da climatologia existente e de um sistema produtivo onde o agricultor é forçado a dividir sua residência com a família e com os animais. Uma forma que sempre destaca a cobertura como elemento unificador dos diferentes conteúdos. Uma forma que remete genuinamente à arquitetura de Navarra. Neste contexto, surge o complexo hípico de alto rendimento dedicado ao adestramento clássico.
A ideia da limpidez e o poder arquitetônico demostrado nos assentamentos adjacente, sempre estiveram presentes no projeto. Acima dos materiais ou de determinadas configurações expressivas, foi este princípio utilizado, o da volumetria clara como forma de relacionar-se com o entorno. Uma clareza que invade, não somente a manifestação externa, mas também a organização estrutural e construtiva dos edifícios. Junto deles, outra reflexão intensamente arquitetônica está nas estrelinhas do projeto.
A mistura de escalas, a forma de organizá-las e de relacioná-las entre si, a necessidade de combinar grandes espaços de entretenimento ou de estábulos, com outros de caráter doméstico são aspectos que argumentam a decisão fundamental de que todos os usos, independentemente do seu tamanho, apareçam camuflados e configurados nestes volumes únicos e totais, coerentes com a ideia de clareza que havíamos mencionado. Desta maneira, as residências dos trabalhadores e treinadores do complexo não se diferenciam da volumetria geral - que remete à uma granja agrícola e foi definida a fim de conter as pistas de treinamento e os estábulos - estando integradas no interior destes volumes, não estabelecendo diferença alguma entre eles, já que qualquer ruptura significaria uma fragmentação nada compatível com a paisagem natural e arquitetônica do vale.
O materiais desempenham um papel importante no projeto. A substituição das habituais paredes de gesso pintadas de branco dos casarios por chapas de alumínio permite, combinadas com a madeira de carvalho que se utiliza tanto na marcenaria como nos revestimentos verticais e pisos, uma escolha de grande valor expressivo.
Em geral, o uso dos materiais é permeado por uma tentativa de dotar de contemporaneidade as soluções tradicionais presentes no entorno. Neste sentido, a manipulação do carvalho a partir de grandes seções procedentes da exploração controlada dos bosques próprios que, no caso das grandes peças limita-se a simples cortes volumétricos obtidos de um só tronco, torna-se um gesto fundamental para a percepção da materialidade do conjunto.
A organização é relativamente simples. Um grande volume alongado contém os estábulos e as moradias dos trabalhadores. A cobertura é a mesma inclinando-se para abrigar a maior altura requerida pelo segundo uso, já que neste ponto configura-se o acesso principal ao conjunto. Paralelamente, um grande volume conectado perpendicularmente com o primeiro, contém a pisa olímpica de treinamento, assim como a moradia dos proprietários e uma área de estar e formação para cavaleiros e treinadores. Desta forma, a partir dos lugares de estar, se tem vistas diretas tanto para a pista interna quanto para a externa.
O projeto paisagístico segue, basicamente, as diretrizes de preservação do lugar. Linhas de carvalhos dividem os lotes, configurando prados longitudinais que seguem uma diretriz perpendicular ao rio Ultzama, onde ainda é possível encontrar trutas e lontras. Agora, estes mesmos prados, recebem também os cavalos.